*Atualização: em janeiro de 2016 o chef Landgraf anunciou sua saída do Epice e em seguida foi noticiado o fechamento do restaurante. Estamos ansiosos pra saber os novos caminhos que esse chef maravilhoso certamente vai trilhar.*
Um restaurante contemporâneo. Um chef pra lá de criativo. Um ambiente relax. Uma experiência e tanto.
Quem acompanha nosso instagram ou nos segue no facebook viu que andamos passeando por aí, em São Paulo para um fim de semana intensivão de comidas deliciosas. Aos poucos falaremos de tudo que comemos, o trem foi bom! Muuuuito bom. Hoje começamos pelo Epice, que tocou fundo aqui ó, no coraçãozinho.
Em pouquíssimos anos Alberto Landgraf, chef e proprietário do Epice, se transformou num dos principais nomes da gastronomia brasileira, com seu restaurante listado entre os 50 melhores da América Latina, no topo das listas de melhores de SP, zilhões de prêmios e com recomendações dos pra lá de consagrados, incluindo Alex Atala. Nada mal considerando que mal passou dos 30 anos de idade e seu restaurante foi aberto em 2011. Nós conferimos e saímos de lá entendendo perfeitamente a razão dele estar tão badalado. Absolutamente incrível!
O bacana de lá é que dá pra aproveitar o restaurante em diversas faixas de preço. Eles abrem para o almoço e para o jantar, sendo que no almoço, além do cardápio normal, eles também servem um menu executivo bem acessível – parece que R$ 45, bem de boa, e no jantar, além do cardápio normal, eles também servem um menu degustação de 14 pratos. O menu degustação custa R$ 225, mas são 14 pratos, quase 3 horas de comilança, e uma experiência absolutamente fabulosa! Foi o que nós fizemos. Não resistimos. Há tempos que vínhamos babando no instagram do chef. Coisa simpática: água com e sem gás liberada. Acho isso lindo. Todo restaurante deveria fazer – coisa que vemos em vários países do mundo. Pontos pra eles. E ajuda a dar uma amenizada no preço final.
Localizado em pleno Jardins, aquele bairro bem charmoso e mega metido a besta de São Paulo, a casa surpreende pelo ambiente relax e o atendimento descontraído que imediatamente te deixa à vontade. Quando falamos que queríamos fazer o menu degustação fomos recebidos com empolgação “Nossa! Que legal! É uma experiência e tanto. Vocês vão curtir demais!” Ah gente, sou fácil. Demonstrações de entusiasmo me deixam feliz. Pontos também pra trilha sonora, com um jazz da melhor qualidade.
Um couvert perfeito de pães viciantes e em seguida foi dada a largada dos 14 pratos. Os primeiros eram literalmente uma ou duas mordidas. Diferentes texturas, técnicas, sabores, chamados de tapas, para começar a brincadeira. Cada mordida foi nos deixando mais e mais empolgados.
mandioca seca com uma barriga de porco curada fatiada ultra finamente – wow.
pele de frango crocante com fígado – perfeita essa ideia de transformar a pele crocante num biscoitinho para o patê
ovo de codorna pochê envolto por uma carne dry aged crua e algas frescas – aff! explodiu na boca.
orelha de porco frita – sabe torresmo? tipo isso. sabe alegria?
picles de melão com pimenta schzwan – esse era o prato pra limpar o paladar, azedinho, crocante, com aquela dormência leve na boca, bem doido e maneiro
Daí vem a segunda leva de pratos, primeiro os que estrelam os vegetais e por último as carnes.
cebola roxa, sagú e amendoim – nossa, absolutamente sensacional isso aí.
pupunha, pêra fermentada e mel de urucu – bem maneiro.
vieira, batata doce, maçã verde – ai ai. As vieiras vinham cruas, o maitre explicou que chegam vivas ao restaurante. Com uma lâmina super fina de batata doce crocante e a maçã verde… como diria um amigo, uma festa na boca.
ovas de ouriço, alho negro – só de me servir ovas de ouriço já é garantido que vou ficar feliz. Que coisa boa. Mas a combinação com o docinho do alho negro foi surpreendente.
peixe com creme de mexilhões – esse foi extra :) e foi demais. Esse creme de mexilhões era tipo comer o mar.
sardinha marinada com purê de limão – esse purê de limão é coisa séria. O maitre explicou que é feito com limão e somente limão. Pura técnica. Eu, que adoro um azedinho, poderia comer isso todos os dias da minha vida. A gente, super nerd de cozinha, ficou doidinho tentando decifrar como ele fez esse e vários outros pratos.
moela de pato, beterraba, tutano – sem palavras para esse prato. Nunca tinha comido moela de pato e que coisa delicada! Beterraba é algo que não curto muito – não chego a odiar, mas sabe? não faço questão alguma. Mas se me servissem sempre desta forma! Deliciosa! Parece que fica assando durante horas e horas e horas. Tutano é amor. Simples assim. Quanta felicidade nesse prato.
pele de porco fermentada com pimenta de cheiro e repolho – este foi provavelmente o que nos deixou mais de cara. O aspecto e inclusive a textura da pele de porco lembrava um macarrão de arroz daqueles mais larguinhos. Como ele conseguiu esse efeito?!?! Com um caldo de cozimento da carne explodindo de tanto sabor – pedimos até mais pãozinho para raspar o prato – cheio de colágeno dando aquela grudadinha na boca. Nossa senhora…
E daí as sobremesas. Ai ai.
sorvete de castanha do pará crua – Provamos e de cara virou meu sorvete favorito. Daí o maitre explicou que o único ingrediente do sorvete é a castanha do pará. Só. Sério. Gênio.
Açaí, queijo de cabra, rapadura – Instruções do maitre: prove cada um dos três ingredientes separadamente. Em seguida faça uma mordida completa, com um pouco de cada um. Gente. Já não sei mais como elogiar. É isso.
Que experiência. Que menu degustação foda.
beijos,
Mariana
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