Um arroz viciantemente coladinho, grudento, mega temperado, embrulhadinho para presente. O nome disso é alegria.
Esta trouxinha de couve surgiu a partir de um dos nossos tipos de comida favorita – dim sum. Não entendo por nada neste mundo porque isso ainda não existe aos montes aqui em Brasília, no Brasil na real. Em SP imagino que role de achar, mas confesso que nem sei onde. Pra quem não conhece, o dim sum é um tipo de refeição chinesa que é a felicidade de pessoas como nós que querem provar o máximo de pratos possíveis quando sai pra comer fora. Zilhões de porções numa vibe meio tapas espanholas só que, né, chinesas, drrrr ;P. É uma delícia! Dumpling disso daqui, rolinho daquilo ali, costelinha temperadinha nessa vibe aqui e, o meu hit pessoal, arroz em folha de lótus. Amo. Muito. Profundamente.
Mas quem disse que tem folha de lótus nesta cidade? Procurei aos montes e necas. Daí olhei pra nossa horta que estava com uma folha obscenamente enorme de couve (que dias depois foi atacada por um passarinho safado que matou minha couve toda! Juro! Xinguei muito, plantei tudo de novo e agora estamos esperando nossa couve amada crescer de novo…) e pensei, oh yes. Couve.
O arroz usado para o recheio é o arroz moti. Você achará em lojas de produtos orientais. Pensa no arroz japonês clássico e multiplica, e muito, a capacidade dele ficar grudentinho coladinho. Esse é o arroz moti. O grão é longo e super branco. Lindo.
Comece fazendo o arroz. Cozinhe na panela sem tempero algum ou, como eu, na panelinha elétrica. Um parêntesis fofo porque estamos no mês dos namorados: essa panelinha elétrica de arroz foi meu anel de brilhantes. Sim. A gente é assim. O Esdras me pediu em casamento com uma panela elétrica de arroz. E eu disse sim :) E 5 anos e meio depois eu continuo usando a minha panelinha fofa aos montes porque eu tenho algum bloqueio mental bizarro em se tratando de arroz. Vai entender. Parêntesis encerrado. Voltamos ao ponto. Arroz pronto, deixe ele esfriar um pouco. Você já vai sacar o tanto que ele é grudento. Cola. Em. Tudo. Sério.
Hora de temperar o arroz. Muito gengibre, muito alho, muita cebolinha, muita cebola roxa, mascavo, shoyu e um bando de coisa oriental que a gente usa direto – shitake seco, molho de ostras, mirin… Se você não é tipo a gente e tem essas coisas em casa vai ter que fazer aqueeeela comprinha na loja de produtos orientais. Mas quase todas essas coisas duram bastante e podem ser usadas em preparos incríveis. Tem muita receita com esses ingredientes nos arquivos do blog pra você ter ideias de como usar.
Nos dim sums o arroz de lótus normalmente vem com alguma carne – frango ou porco moído são comuns, umas linguiças maneiras também. Mas a gente fez esta trouxinha como um componente de um prato com outros elementos e dentro de um menu de um Jantar Lá em Casa que já tinha bastante carne. Resolvemos deixar a trouxinha vegetariana e a carne realmente não faz a menor falta.
Depois do arroz ficar pronto e estar devidamente lambrecado com aquele molho lindo explodindo de sabor é hora de montar as trouxinhas. Pra couve funcionar bem como papel de embrulho primeiro temos que remover a parte mais dura do talo. Joga fora não ;) Corta pequenino e refoga que fica delícia. Depois tem que passar a folha rapidamente na água fervente, coisa de segundos mesmo, para amolecer um pouco e depois numa tigela com água e gelo pra dar um choque térmico e a couve ficar verdinha vibrante. (Dica para eternidade quando você quiser manter o verdinho de qualquer coisa!)
Hora de encarnar o embrulhador de presente de natal de loja que todo mundo tem dentro de si e rechear sua trouxinha. Um pouco de arroz no meio, dobra aqui, dobra ali, fecha o canto ali, embrulha bonitinho, segura tudo no lugar com um palito e repete até terminar.
Já dá pra comer como está, mas a estas alturas está tudo frio já. Para requentar, alguns minutos no vapor numa panela de bambu e depois uns minutinhos numa frigideira bem quente pra dar uma douradinha maneira na couve.
- 4-6 shitakes secos
- 1 bom maço de couve (é bom ter mais folhas do que precisa porque sempre rasgam algumas)
- 11/2 xícara de arroz moti
- 11/2 xícara de água
- 1 colher de sopa de óleo
- sal e pimenta branca
- 1/2 xícara de cebola roxa bem picada
- 3 dentes de alho bem picados
- 4 cebolinhas picadas
- 1 colher de sopa de mirin
- 1 colher de sopa de açúcar mascavo
- 2 colheres de sopa de shoyu
- 1 colher de sopa de molho de ostras
- 1 colher de sopa de gengibre bem picado
- palitos para fechar as trouxinhas
- Coloque os shitakes numa tigela, cubra de água fervente e deixe de molho por 30 minutos. Escorra a água e pique bem.
- Junte o arroz e a água numa panela média (ou use uma panela elétrica). Deixe ferver em fogo alto e em seguida reduza, cubra e cozinhe por aproximadamente 15 minutos. Retire o arroz da panela e espalhe num prato largo para esfriar.
- Enquanto o arroz cozinha aqueça bem um wok ou frigideira grande e doure os shitakes picados no óleo. Tempere com sal e pimenta branca. Após uns minutos, quando os shitakes já estiverem com cor bonita acrescente a cebola, o alho e metade da cebolinha. Cozinhe mexendo sempre para o alho não queimar. Reduza o fogo e acrescente 2 colheres de sopa de água, o mirin, o açúcar, o shoyu e o molho de ostras. Cozinhe por uns 2-3 minutos. Desligue o fogo e acrescente o gengibre e o resto da cebolinha.
- Misture o molho ao arroz. Cuidado para não esmagar ou quebrar os grãos, mas tente deixar o arroz todo pintado com o molho.
- Para montar prepare uma tigela com água e gelo e uma panela larga com água fervente. Com uma faca afiada retire o talo fazendo um corte rente a ele em cada lado. A parte superior da folha deve ficar intacta e do meio pra baixo haverá esse buraco de onde saiu o talo. Passe a folha rapidamente na água fervente e depois na água com gelo. Seque ao máximo possível e abra a folha bem, com o lado mais brilhoso pra baixo, numa superfície limpa. Coloque umas 3 colheres de sopa do arroz na parte que estiver mais inteira da folha. Feche como um embrulho de presente começando com as pontas que sobraram de onde estava o talo. Depois de fechar, use um palito para segurar tudo no lugar. Repita até terminar o arroz e as folhas. Isto pode ser feito até com dois dias de antecedência.
- Aqueça numa panela de bambu no vapor e finalize numa frigideira quente para dar um pouco de cor à couve.
Festa na boca.
Pode ser uma entradinha, acompanhamento, ou, pontos extras se você fizer este dumpling e esta costelinha como a gente fez na 10a edição dos Jantares Lá em Casa.
beijos,
Mariana
[…] ele aqui. Estes dumplings de acelga e shitake e esta costelinha com nam pla estão no livro e esta trouxinha de couve a gente adaptou […]