Todo mundo já passou por isso. Você tem lá uma gaveta cheia de verduras lindas na geladeira e que você já não aguenta mais preparar do mesmo jeito de sempre. Você já tá quase desistindo e levantando pra pegar o telefone para ligar prum disque da vida. Você precisa de uma inspiração urgentemente. Algo que te dê uma chacoalhada nas ideias. Algo que dê aquela renovada nas energias pra você largar o telefone e resolver pegar uma faca e tábua ao invés.
Nessas horas, confesso, tenho bebido com uma frequência enorme da mesma fonte – Yotam Ottolenghi. Já falei tanto dele aqui! (é dele este frango com arroz com canela e cardamomo que já perdemos a conta de quantas vezes fizemos. estas peras. esta berinjela. esta salada de macarrão com abobrinha. e mais um bando de coisa que não tô lembrando, mas é só digitar ottolenghi no campo de busca que vai aparecer.) É uma fonte e tanto! E bebo tanto dela porque ele tem a manha de fazer receitas que vão mega bem no dia a dia, mas que tem aquele toque especial o suficiente para poderem rolar num fim de semana de boa também. Ele tem a manha das especiarias que tiram qualquer coisa do lugar comum. Ele tem a manha de dar protagonismo para os vegetais. Enfim, ele tem a manha. E toda vez, sem exceção, que posto uma receita dele no nosso instagram alguém logo pede pra gente postar a receita por aqui ;)
Andamos numa fase bem couve-floresca aqui em casa. Em grande medida porque é dessas verdurinhas (na realidade, uma flor!) com bastante sustância e andamos fazemos cada vez mais refeições vegetarianas no dia a dia (tem uma categoria de receitas vegetarianas aqui no blog, já viram? clique aqui para acessar todas as receitas veg que já postamos.). Já fizemos esta assada inteira aos montes. Este arroz de couve-flor também é hit. Este bolo também já entrou pro repertório.
O esquema é assim. Você dá um start no cozimento das mini florzinhas da couve-flor primeiro. Daí você faz um refogado gostoso de cebola e coisa e tal. E de resto, é um bolo caprichado na couve-flor e nos ovos e nas especiarias e com bem pouca farinha. Mistura tudo numa tigela e forno. Nada muito complicado.
- 1 couve-flor pequena segmentada em mini flores de uns 2cms – umas 4 xícaras
- 2 c.c. de sal
- 1 cebola
- 5 c.s. de azeite de oliva
- 1/2 c.c. de alecrim fresco picado
- manteiga para untar
- 1 c.s.de gergelim
- 1 c.c. de semente de cominho
- 7 ovos
- 1/2 xíc de folhas de manjericão picadas grosseiramente
- 1 1/2 xíc de queijo bem curado ralado (usei um canastra, mas pode ser um parmesão ou semelhante)
- 1 xíc de farinha de trigo
- 1 1/2 c.c. de fermento químico
- 1/2 c.c. de cúrcuma em pó
- pimenta do reino a gosto
- Pré-aqueça o forno a 200oC.
- Unte uma fôrma redonda (a minha tem 25cm de diâmetro) com manteiga e salpique as laterais com as sementes de cominho e de gergelim.
- Coloque as mini flores de couve-flor numa panela média com 1 c.c. de sal e cubra com água. Coloque para ferver e cozinhe até a couve-flor ficar bem macia – uns 15 minutos. Ela deve se desmanchar se você esmagar. Escorra a água e deixe de lado secando no escorredor.
- Faça 4 fatias da cebola de 1/2 cm para decorar. Pique o restante e refogue com um pouco de azeite e o alecrim picado até a cebola ficar bem cozida, uns 10 minutos. Reserve.
- Numa tigela grande misture os ovos e o manjericão picado. Acrescente o queijo ralado, a farinha de trigo, fermento, cúrcuma, 1 c.c. de sal, bastante pimenta do reino, 5 c.s.de azeite e a cebola. Misture até a mistura ficar homogênea e acrescente a couve-flor. Misture com delicadeza para a couve-flor não se desmanchar.
- Coloque a massa na panela espalhando com a ajuda de uma espátula. A massa é bem grossa. Decore com as fatias de cebola que estavam reservadas e leve ao forno por uns 40 minutos ou até ficar dourada e bem assada. O teste do palito de todo bolo vale aqui também. Se o palito sair limpo tá pronto. Deixe esfriar uns 15 minutos antes de desenformar e fatiar.
- Sirva em seguida ou em temperatura ambiente.
O resultado é essa belezura aí. Perfeita quentinha. Mas tão deliciosa quanto em temperatura ambiente. Com esse amarelo lindo da cúrcuma e esse pontilhado de cominho e gergelim. Um verdadeiro arraso para as segundas sem carne, para aquele jantar meio lanche, para aquele almoço em que todos levam um prato… Enfim, aquela alegria que as receitas do Ottolenghi nunca deixam de proporcionar.
E pensando aqui nessa coisa de às vezes precisar daquela fonte certeira de inspiração inevitavelmente penso no tanto que isso também rola com música, quando a gente fica naquela mesmice de sempre e sente a falta da tal chacoalhada no que estamos ouvindo também.
Esta semana estamos nessa vibe aqui em casa. O Esdras parte hoje para a feira Música Mundo em BH (neste post aqui sobre a nossa participação na feira MAPAS em Tenerife, nas Ilhas Canárias, contei um pouco sobre a importância dessas feiras de música que a gente frequenta.) representando o festival de música instrumental que ele está produzindo para 2019 Música não é barulho | Música transforma. E basicamente o que vai rolar é isso. Essa oxigenada musical com uma enxurrada de showcases (os showcases são shows realizados por artistas selecionados por uma comissão da feira para um grupo seleto de membros da indústria da música – casas de show, representantes de festivais, selos, agentes etc e tal e que normalmente também são abertos ao público em geral. Estivemos no MAPAS em Tenerife justamente porque o Esdras havia sido selecionado para fazer um showcase.).
Estes são os showcases que vão rolar na Música Mundo nos próximos dias. Vou aproveitar esses links todos para também dar uma escutada nesses artistas enquanto o Esdras viaja. Conhecer uma galera nova. Dar uma oxigenada por aqui também.
Porque isso que temos falado aos montes por aqui do Coma com Música surgiu como uma forma de categorizar os posts que falam de música de alguma maneira (é só clicar nessa categoria aqui pra ver todos os posts com playlists, músicas, indicações de shows e coisa e tal), mas a real é que comida e música têm tudo a ver. Mesmo. E quanto mais eu tenho entrado nesse mundo de forma bem pessoal, acompanhando muito de perto tanto o processo criativo do Esdras quanto o lado da produção, da qual agora também participo mais ativamente (ajudei a produzir a turnê da Europa do Esdras e faço uma parte da geração de conteúdo das mídias sociais dele), mais eu percebo as inúmeras semelhanças em como a gente se conecta com a comida e como a gente se conecta com a música.
Tudo isso pra dizer: faz essa receita aí que ela é bem maravilhosa. Depois conta aí pra gente. Manda fotinha. Marca a gente no instagram. A gente adora.
E me conta aí o que você tem escutado de bom.
beijos,
Mariana
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