Uma receita explosiva um tanto quanto improvisada. Uma música com muito tempero.
Desde que encontramos pela primeira vez no mercado um pacotinho de pato moído ando obcecada com a ideia de fazer um laap pet isaan, um prato tailandês de pato moído que comemos uma vez em NY no Pok Pok (sobre o qual inclusive já falamos aqui – se for a NY super recomendamos a visita!). O prato tinha uma aparência super simples, uma carninha moída com uns verdinhos, nada muito emocionante aparentemente, mas decididamente o sabor não tinha nada de simples! Pelo contrário, era apimentado e salgado, mas ao mesmo tempo cheio de frescor das ervas, de um jeito que a gente não conseguia parar de comer. Uma festa na boca.
Com o pato moído em mãos fui consultar nosso livro de receitas do Pok Pok. Esse livro é incrível! Verdadeiramente inspirador. (Estas asinhas incríveis e este milho maravilhoso são dele também) Mas… É basicamente impossível seguir qualquer receita dele à risca. Mesmo com um estoque fora do normal de temperos tailandeses que temos graças a uns amigos que andaram por aquelas bandas e nos presentearam lindamente (valeu amigos!), ainda assim é rara a receita que não requeira uma certa dose de improviso e assim foi com esta, é claro.
E tem tudo a ver. Porque esta receita vem acompanhada de uma música igualmente recheada de improviso. Este mês o Esdras está lançando o mais novo disco dele, o Esdras Nogueira Quinteto Ao Vivo. Esta é a primeira música, Plantas que nascem. Dá um play e entra na vibe.
Como vários pratos daquelas bandas do mundo, este começa com uma pasta de temperos, no caso, alho, echalotes (aquela cebola menor e mais delicada) e gengibre. Cebola, capim santo bem picadinho (que colhemos diretamente da nossa horta), limão, pimenta, nampla (aquele molho de peixe que não tem gosto de peixe, mas que deixa quase qualquer coisa mais gostosa), um toque de açúcar e um bocado de ervas frescas (coentro, hortelã e cebolinha basicamente).
É bastante ingrediente, mas não se assuste porque depois de fazer os pré-preparos (lavar o que tem que lavar, picar o que tem que picar e tals) é vapt vupt na panela. Uma refogada rápida na cebola (só pra tirar a picância dela crua mesmo, mas mantendo a textura mais durinha), o pato com tudo menos as ervas frescas, dá aquela fritadinha e pronto. Deixa esfriar um tico (dá pra servir em temperatura ambiente ou até frio mesmo) pra não murchar as ervas frescas e devora.
Mas aqui o lance é o improviso. Então se você não tiver todos os ingredientes, adapte! Só super recomendo não omitir o nampla. Quem nos segue há tempos aqui já viu que a gente usa direto e faz parte do nosso arsenal do dia-a-dia. Ele confere um salgadinho todo especial para os pratos e que é totalmente característico da culinária thai e de tantas outras daquelas bandas. Vende em lojas de produtos orientais e dura horrores. E é verdadeiramente delicioso.
- Para a pasta de gengibre:
- 4-5 dentes de alho
- 3-4 echalotes
- 1 pedaço de gengibre do tamanho do seu polegar
- Para o pato:
- 500g de pato moído
- 2-3 pimentas thai secas (pode adaptar para outra pimenta)
- 2 c.s. de suco de limão
- 2 c.s. de nampla (molho de peixe – encontre em lojas de produtos orientais)
- 1/2 c.c. de açúcar
- 2 cebolas pequenas fatiadas em meia lua
- 1 talo de capim santo super bem picado
- algumas cebolinhas fatiadas
- um punhado de coentro picado bem grosseiramente
- um punhado um pouco menor de hortelã – só as folhas soltas
- 1 c.s. de óleo vegetal para refogar
- Comece preparando a pasta de gengibre num pilão se quiser ser mais roots e usar o muque ou no liquidificador se quiser ser mais prático. Vai render mais do que você precisa para a receita. Mas é super fácil de reaproveitar para marinar alguma outra carne ou temperar legumes refogados. Reserve.
- Num wok ou frigideira larga bem quente comece refogando rapidamente a cebola fatiada no óleo. A ideia é manter a textura então é coisa rápida. Acrescente o pato, a pimenta seca despedaçada, o suco do limão, o nam pla, o açúcar, o capim santo e umas duas colheradas da pasta de gengibre. Vá mexendo bem dando umas quebradas na carne até a carne ficar cozida, mas ainda suculenta. Prove. Se precisar de mais sal, acrescente um pouco mais de nampla.
- Deixe esfriar o suficiente para as ervas frescas não murcharem. Misture as ervas e sirva imediatamente.
O prato é refrescante e apimentado ao mesmo tempo. Assim como esta música. Agora na sua versão em vídeo ;)
Como a gravação do disco novo foi ao vivo, a gente também registrou ele todo em imagens. E que lindeza de show que foi. No som o Esdras Nogueira Quinteto formado pelo Esdras, é claro, Marcus Moraes, Rodrigo Balduino, Thiago Cunha e Léo Barbosa. A direção do vídeo foi do nosso parceiro querido Ricardo Theodoro. Nas câmaras, o próprio Ricardo, Kauê Blass, Solange Escosteguy (por acaso minha mãe ;P) e eu. Na luz Moisés Vasconcelos. O som foi gravado e mixado pelo Gustavo Dreher, masterizado pelo Alexandre Bursztyn e o técnico de som do show foi o Frango Kaos.
Escute o som. Faça a receita. E aguarde e confie que vai ter receita + vídeo pra cada nova música do disco.
beijos,
Mariana
*este post contem links afiliados
[…] Assim como no single anterior (também acompanhado de uma receita maneira), a filmagem ficou demais […]