uma torta rústica de abóbora na barriguda

Uma torta com aquela crostinha lindamente amanteigada recheada fartamente com uma abóbora bem laranja. Uma música que dá vontade de pegar seu par e dar aquela dançada, assim, no chamego, no aconchego. Você sabe do que eu estou falando.

Comece dando o play em NaBarriguda do disco do Esdras Nogueira Quinteto Ao Vivo e vai entrando no clima e já soltando os ombrinhos enquanto você lê a receita.

Torta rústica é outra forma de dizer aquela torta em que você não precisa ter manha alguma pra fazer dobras, decorar, ajeitar, ou seja, tudo que todo mundo deseja no dia a dia. Sim, esta é dessas receitas que não requer grandes planejamentos, que pode ser feita com uma infinidade de recheios (a gente adora e já postou esta de morango aqui, esta outra de frutas amarelas e esta de frutas vermelhas, e mais inúmeras que já postamos no nosso dia a dia no instagram). Já perdi a conta de quantas tortas nesse estilo já fizemos com pequenas variações na massa (com ou sem açúcar, farinhas diferentes) e já fica a dica, quando for fazer a massa, se joga e faz a receita dobrada. Depois você guarda os discos de massa embrulhadinhos no seu congelador e naquele dia em que você chega exausta do trabalho e tá totalmente sem inspiração você pega a sua massa que estava lá estrategicamente guardadinha e recheia com o que você tiver na geladeira. Vai ficar bom. Você vai ser feliz. Ok. Esse foi o fim da minha declaração de amor às tortas rústicas. Espero ter te convencido a amá-las também.

No caso, esta foi de abóbora, que é uma das maravilhas da natureza, que tem aquela cor que pelamor, galera tava inspirada no dia em que criou. E no caso, este exemplar específico de abóbora veio direto da Barriguda, aquela fazenda da família onde o Esdras foi pra compor as músicas do seu segundo disco, o NaBarriguda (ele contou o processo todo neste post aqui). E como a vibe é combinar músicas do disco novo Ao Vivo com receitas deliciosas, é claro que na hora de escolher uma receita para acompanhar a música Na Barriguda na sua versão nova Ao Vivo a receita só podia ser esta torta de abóbora da Barriguda com cebolas caramelizadas e muito amor.

Um aparte, sempre que o Esdras fala dessa música e do disco rola o estranhamento com o nome. Não, não é uma pessoa que é barriguda :P A fazenda foi nomeada assim por causa da árvore barriguda, também conhecida como paineira, uma belezura de árvore com o tronco abaulado que quando dá flor fica um escândalo de bonita e, não por acaso, tem uma enorme maravilhosa incrível bem na frente da casa lá na Barriguda, no interior do Piauí. Além de um estoque razoavelmente constante de abóbora a gente também sempre tem carneirinho, feijão, milho e outras delícias mais vindo de lá (aguarde e confie, ainda esta semana a gente posta uma receita de feijão maravilhosa e esta paleta de carneiro aqui precisa entrar no seu repertório).

Voltando à receita. A massa é uma variação de todas as massas de torta que já postamos por aqui. Uma misturinha de farinha branca e integral (dá pra fazer 100% integral, mas é mega difícil de acertar o ponto pra ela abrir e não se quebrar toda – maaaaas, se quiser seguir essa rota, ou variar com outras farinhas, rola demais! é só se preparar para fazer um pouco mais de retalhos na hora de montar a base da torta – mas daí a vantagem dela ser rústica), uma quantidade generosa de manteiga gelada (importante estar gelada!), iogurte grego (faça o seu! tem receita aqui), um toquinho de vinagre, sal, água gelada. A manha para a sua massa ficar daquele jeito crocante na primeira mordida, mas que desmancha na boca craquelando perfeitamente, é trabalhar rapidamente para que a manteiga não derreta com o calor das suas mãos. Você vai desmanchando os pedaços de manteiga com a ponta dos dedos incorporando à farinha formando uma farofa que ainda tem uns pedacinhos de manteiga do tamanho de uma ervilha. Depois é só juntar os demais ingredientes, formar uma massa mais ou menos coesa, achatar de leve pra formar um disco e gelar pelo menos uma meia horinha. (Pode fazer até 2-3 dias antes ou muitíssimos dias antes e congelar.)

Aqueles pedacinhos de manteiga que você manteve naquela primeira etapa são essenciais. Quando você levar a sua torta pro forno pré-aquecido (nunca se esqueça de pré-aquecer o forno quando é especificado numa receita. não é um minutinho de pré-aquecimento não! 10-15 minutos é o mínimo e faz toda a diferença!) o calor do forno vai derreter esses pedaços inteiros de manteiga e pequenos bolsões vão se formar no meio da massa. É isso que vai fazer a sua massa ficar maravilhosa daquele jeito que você vai querer ficar roubando todos os pedaços de crostinha a seu alcance.

Quanto mais você fizer esse tipo de massa melhor vai ficar. Ruim nunca vai ser. É só não ser afobada e querer tirar do forno antes da hora. Respira fundo e vê se a massa ficou verdadeiramente dourada.

Agora vamos ao recheio. Escolha uma abóbora dessas que soltam menos água. A gente usou uma dessas de pescoço super comuns no nordeste de tamanho razoavelmente pequeno então usamos inteira. Você vai precisar de em torno de 1kg de abóbora, mas, né? esta não é dessas receitas que requer grandes precisões. Ela precisa daquela pré-assada pra ficar no ponto perfeito na torta depois então depois de cortar em cubinhos é só levar ao forno com um pouco de azeite, sal e pimenta pra dar aquela dourada e amolecida geral. Aproveite e faça um belisquete altamente viciante com as sementes. Só lavar pra tirar o restinho de abóbora colada nelas, secar e assar com sal e azeite. Delícia.

Enquanto você assa a abóbora você carameliza umas cebolas numa frigideira larga de fundo grosso (ou uma de ferro fundido como a nossa, que a gente também usou para assar a torta depois). Devagar e sempre. Fogo baixo, mexendo de tempos em tempos no começo e depois quase que sempre quando já está pegando cor, até ficar doce. Tem gente que encasqueta de acrescentar açúcar. Acho desnecessário. É só dar tempo ao tempo.

Para completar o recheio, quantidades generosas de queijo (nesse dia usamos uma mistura de um meia cura gostoso e um pouco de parmesão, mas poderia ter sido outra combinação sem problema algum, gorgonzola seria mega sucesso em pequenas quantidades), um alô de tomilho e mais outro de pimenta caiena que dá aquele calorzinho ótimo, mas sem uma picância agressiva.

Não se estresse demais na hora da montagem. Lembre sempre que esta torta é rústica e não tem problema nenhum ela ficar imperfeita. Aliás, essa é a graça. É só ficar de olho na espessura da massa (tente menos de meio cm) e saber que se quebrar você consegue colar os pedacinhos de volta sem problema algum. A única coisa que você não deve fazer é dobrar a massa novamente e abrir novamente. Daí você estraga todo o trabalho que você teve lá no começo de manter aqueles pedacinhos maiores de manteiga. Abra a massa uma única vez e se quebrar você monta em retalhos. Tá tudo bem. Vai com fé. Vai ficar uma delícia do mesmo jeito.

viu? a massa deu umas quebradinhas ;) depois foi só dar uma apertadinha e arrumar

Recheia, fecha as pontas como der, pincela a massa exposta com ovo pra dar um up no dourado e forno. Perfeita para as segundas sem carne. Perfeita no dia a dia. Perfeita num almoço de fim de semana de boa com os amigos.

Nós estamos em clima de festa por aqui. O show de lançamento do Esdras Nogueira Quinteto Ao Vivo é nesta 6a, dia 10/11. O evento no facebook está aqui e a gente vai amar demais da conta encontrar vocês por lá.

Veja todos os posts desta série de receitas com música do disco aqui. Esta semana ainda postamos mais algumas.

beijos,

Mariana