Nada como um bolinho simples, molhadinho, levemente cítrico, não muito doce, para acompanhar aquele cafezinho da tarde.
Este é mais um lanchinho da série #comanoestúdio que rolou durante a gravação do disco novo do Esdras que será lançado muito em breve. Pra quem não acompanhou a série, tem posts no instagram com a #comanoestúdio e tem este post AQUI com um resumão da gravação e todos os lanchinhos, claro. Em comum, lanches simples, que eu fazia sempre de manhã rapidinho antes de irmos pro estúdio, ou seja, só receita que todo mundo sempre quer: fácil, rápida, deliciosa. E tem passo a passo de todas lá nos destaques do nosso perfil no instagram AQUI.
E este lanchinho daqui, juro, só uma misturinha numa tigela e pronto. Tem dois tchãns. O primeiro é a farinha de sêmola de trigo, ou semolina. Esta não é dessas farinhas que todos sempre têm em casa. A gente sempre tem quando a gente faz estes gnocchis rústicos de ricota e semolina AQUI chamados gnudi. Ô receita maravilhosa essa daí. Tem que planejar com antecedência porque precisa de 3 dias na geladeira antes de cozinhar, mas ó, recomendo com entusiasmo! E se você fizer essa receita você terá semolina em casa que nem a gente.
A semolina também é usada para fazer massa. Várias das melhores massas são feitas de semola di grano duro. Olha lá o pacotinho que você provavelmente tem de spaghetti na sua casa. Se for alguma marca italiana bem provavelmente foi feito com semolina. Na hora de comprar repare que é uma farinha granulada de uma forma bem diferente da farinha de trigo branca comum. É uma variedade diferente de trigo de fato, o jeito que ela funciona num bolo é bem diferente da farinha comum, e além da textura a cor também é mais amarelada, quase poderia ser um produto derivado de milho se você fosse julgar somente pela cor. E é por isso que este bolo tem essa cor bem amarelinha simpática.
Resolvida a questão da semolina.
O segundo tchãn é a calda simples de limão que vai por cima do bolo assim que ele sair do forno. Nada complicado. Partes iguais de água e açúcar com bastante limão pra ficar aquele doce azedinho maravilhoso. Eu inclusive brinquei um pouco com os limões pra essa calda. Das vantagens de ir à feira (neste post AQUI eu falo das principais que a gente frequenta), no dia que fiz o bolo tinha em casa limão tahiti, o verdinho básico, limão siciliano, aquele amarelo bonito e aromático mais comum na gringa, o cravo, que alguns chamam de china, que é bem laranjinha dentro e bem mais adocicado, e o galego, que tem outro nome por aí também que não lembro qual era, que é aquele bem amarelo e bem pequenino e que também tem um sabor bem específico. Comprei tudo isso lá, direto do produtor, que colheu no seu quintal. É muita alegria isso. Para a calda usei um pouco do cravo e do galego e fiquei provando até chegar naquela travinha doce azeda que eu queria. Eu adoro coisa ácida.
Nesse dia, como estava levando para o estúdio, optei por assar em forminhas de mini muffins pra ficar naquele tamanho xuxu que é só umas duas mordidas e acabou. Rendeu uns 20 bolinhos mini. Mas dá pra fazer em forma de bolo normal, só ajustar o tempo de forno.
Dica de ouro para confeitaria: sempre preste atenção na descrição de como é aquele receita pronta – dourado, soltando das bordas, palito saindo limpo, ainda levemente mole quando você mexe a assadeira, descritivos como esses são sempre mais importantes do que o tempo de forno sugerido na receita. E tem uma razão muito importante para isso: o meu forno não é igual ao seu. Cada forno tem suas peculiaridades. Nenhum forno caseiro é 100% preciso com relação à temperatura, ele pode ser mais quente ou mais frio do que o número diz, e frequentemente eles têm áreas mais quentes do que outras (no meu, por exemplo, que é daqueles que tem dois fornos, um pequeno e um grandão, o pequeno tem um ponto quente sinistro no fundo à direita – tudo que asso nele precisa ser girado pelo menos uma vez durante o cozimento para não ficar queimado nesse ponto e cru na frente). Preste atenção no seu. Aposto que algo do tipo rola nele também. E, sobretudo, sempre fique de olho nesses descritivos mais do que nos minutos em si.
- Para a calda
- 200ml (1 xic) de água
- 200g (1 xic) de açúcar orgânico
- suco de 1 limão – antes de espremer, faça as raspas para incluir na massa (ajuste a gosto e explore os diferentes limões – no texto falo sobre isso)
- Para o bolo
- 165g (1 xic) de semolina
- 100g (½ xic) de açúcar orgânico
- 1½ xic de iogurte natural (de preferência caseiro – tem post aqui no site explicando como fazer – procure por iogurte caseiro no campo de busca)
- 100ml (½ xic) de óleo
- 3 ovos
- 30g (3 c.s.) de farinha de trigo
- 1 cc de extrato de baunilha
- ½ c.c. de bicarbonato de sódio
- 1 c.c. fermento químico
- ½ c.c. sal
- Pré-aqueça o forno a 180oC e unte uma forma 20x20cm ou, como fizemos aqui, forminhas de mini cupcakes.
- Faça a calda fervendo a água e o açúcar numa panela pequena até o açúcar se dissolver completamente. Retire do fogo e acrescente o suco de limão. Prove e ajuste o limão se achar necessário. Reserve e deixe esfriar enquanto faz o bolo. (Pode ser feito com antecedência. Dura semanas na geladeira. E a sobra pode ser usada para “refrigerante” caseiro ou em drinks.)
- Para o bolo, numa tigela grande bata os ovos e o açúcar até dissolver o açúcar. Acrescente o iogurte e o óleo e misture bem. Acrescente os demais ingredientes, incluindo as raspas do limão, e misture até não haver mais partes secas na tigela. Pronto.
- Distribua em forminhas (encha 3/4) ou na forma de bolo maior e asse até dourar nas bordas e perder o aspecto de cru por cima. Ele descola levemente das laterais. 25-30 minutos aproximadamente. Ele fica com um aspecto de bolhas na superfície.
- Assim que retirar do forno distribua a calda com colheradas se estiver usando forminhas ou com uma concha se estiver usando uma forma maior. Faça uma primeira leva, deixe absorver uns segundos, e faça uma segunda leva. Vai quase toda ou toda a calda.
- Devore. Mas a dica amiga é – fica melhor no dia seguinte.
Delícia das delícias. Mega fácil. Só de escrever o post estou desejando repeteco.
Para acompanhar, dá um play aqui nesta música igualmente delícia da Mayra Andrade. Resolvi pedir uma dica de música para os meninos da banda, já que este lanchinho tinha sido devorado por eles durante a gravação do disco novo. O Baldu (Rodrigo Balduino, baixista e um dos donos do amado Clandestino Café) escolheu esta daqui dizendo “Leve, suave, mas com pegada. E um pouco ácido.” Que perfeição.
Beijos,
Mariana
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