Sim eu sei que eu tendo a caprichar nos superlativos, mas as patatas bravas clássicas da Catalunya são as melhores batatas do mundo.
Ok, a gente pode ter toda uma discussão filosófica sobre batatas fritas versus batatas bem assadas no forno. Batatas finas ou mais rústicas. Batatas com ou sem casca. É uma discussão extremamente válida e tenho fortes opiniões a respeito de vários desses pontos. Mas daí chegamos aos toppings. E é aí que as bravas são imbatíveis.
Allioli, uma espécie de maionese com muito alho muito maravilhosa + molho de tomate levemente picante. Combinação mais perfeita não há. Já declarei meu amor profundo e intenso à gastronomia espanhola em diversos posts e aqui não tem como ser diferente. Êta povo que tem a manha de comer bem.
Em julho, quando passamos uma temporadinha em Barcelona quando o Esdras estava em turnê pela Europa (a gente contou tudo nesta série em três partes aqui – Moscou, Espanha e Portugal), rolou um intensivão de patatas bravas. Em qualquer lugar que a gente ia a gente pedia pra ver as diferenças entre os estabelecimentos e pra deixar o Marquim feliz (Marcus Moraes é guitarrista da banda e nada aventureiro pra comer – o bichinho sofria com a gente pedindo sempre os itens mais exóticos dos cardápios e quando ele descobriu as onipresentes bravas ele só queria isso e, sinceramente, ninguém achou ruim).
Então após ampla pesquisa a gente chegou à nossa receita favorita pra fazer em casa.
Entre assar ou fritar a gente fica com assar. Se der tempo ao tempo elas ficam tão crocantes quanto as fritas sem a lambança.
O allioli é um capítulo à parte. Teoricamente o allioli deveria ser feito somente batendo alho e azeite de oliva. É um processo penoso para dizer o mínimo. Não dá pra encurtar com liquidificador (como uma maionese normal) ou com outros aparelhos para ajudar. Tem que ser no muque mesmo. E é lindo e maravilhoso se você tiver paciência pra ficar lá no pilão, oh yes, no pilão, batendo batendo batendo e acrescentando o azeite em gotas ao alho batido. Demora. Muito. Mesmo. Eu testei cronometrando. Meu braço estava pronto pra cair. E quando, na reta final resolvi tentar finalizar no liquidificador já que a emulsão já estava rolando, só que ainda estava muito grossa, desandou tudo instantaneamente e perdi os meus 50 minutos de muque todinhos. Xinguei bastante. Nem vou fingir que não.
E o ponto é: é a delícia das delícias, mas a coisa menos prática do planeta terra. Então a não ser que você seja vegana deixa pra lá isso de ser só alho e azeite e joga um ovo nessa mistura aí porque daí você consegue fazer que nem uma maionese comum no liquidificador e ser feliz. Fica pronto em meio segundo.
E se até isso parece ser função demais pra você, compre uma boa maionese, rale uns dentes de alho e misture. Pronto. Não se complique por besteira. Tá super valendo. Ajuste a quantidade de alho ao seu gosto. Eu curto caprichado. É bom que os males espanta.
Próximo passo é o elemento bravas. Quão bravas você quer que elas sejam aí é contigo. Curto quando o allioli é bem forte e tem a picância intensa do alho e quando o segundo molho é picante, mas só de leve. Nada que requeira um copo de leite para apaziguar. Só um molho de tomate bem condimentado, caprichado na páprica e aquele alô gostoso de pimenta que dá vontade de tomar uma cervejinha ou um vinho branco bem gelado.
- 500g de batatas
- 300ml de azeite de oliva
- 1 cebola pequena picada
- 1 c.c. de pimenta calabresa (ajuste a gosto)
- 1 lata de 400g de tomate pelato grosseiramente picado
- ½ c.c. de açúcar
- ½ c.c. de sal
- 1 c.c. de páprica defumada
- 2 c.s. de vinagre de jerez ou de vinho branco
- 1 ovo
- 4 dentes de alho ralados (se preferir menos forte reduza pela metade)
- Pré-aqueça o forno a 200o C.
- Descasque as batatas e corte em cubos de aproximadamente 2cm e seque as batatas com um papel toalha. Aqueça uma assadeira com 2 colheres de sopa de azeite de oliva no forno por 5 minutos. Tire do forno, acrescente as batatas, misture bem e asse por uns 45 minutos ou até ficarem bem douradas e crocantes. Mexa depois de uns 30 minutos. Salpique com sal quando estiverem prontas.
- Enquanto isso, prepare os molhos. Aqueça 2 colheres de sopa de azeite numa panela média e refogue a cebola até começar a dourar – uns 7 minutos. Acrescente a pimenta calabresa e refogue mais um minutinho. Em seguida acrescente o tomate pelato, açúcar, sal e páprica defumada. Misture bem. Quando começar a ferver baixe o fogo e reduza por uns 20 minutos até ficar espesso e escuro. Retire do fogo e acrescente 1 colher de sopa de vinagre de jerez ou de vinho branco. Ajuste o sal e pimenta.
- Para fazer o allioli, coloque o ovo no liquidificador com os dentes de alho 1 colher de sopa de vinagre de jerez ou de vinho branco. Acrescente 1 colher de sopa de azeite de oliva e bata até incorporar. Em seguida, com o motor funcionando, acrescente o restante do azeite em fio até formar o molho tipo maionese. Se estiver muito espesso acrescente um pouco mais de azeite. Tempere a gosto.
- Montagem:
- Espalhe as batatas no prato de servir com algumas colheradas do molho de tomate por cima e mais outras do allioli. Sirva imediatamente.
No som, Roy Hargrove, trompetista incrível que faleceu cedo demais da conta aos 49 anos esta semana. Quanto estávamos em Barcelona o Esdras participou de uma jam um dia e a galera tocou esta música aqui. Já conhecia a música, mas nunca tinha ouvido tocada ao vivo. Saímos todos cantarolando o tema enquanto perambulávamos pelas ruelas apertadinhas da cidade. Curte aí.
E curte também o Entre um pingado e outro, a web-série que o Esdras faz sobre os bastidores da música, dos day off naquela cidade maravilhosa quando estávamos lá na turnê. Aproveita e se inscreve no canal ;)
A gente fez essas patatas bravas no jantarzinho de comemoração da turnê com a banda quando voltamos de viagem e foram muito sucesso. Deixamos tudo prontinho e na hora só demos aquela aquecida nas batatas que tínhamos feito logo antes do povo chegar e foi perfeito.
beijos,
Mariana
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