Tem pouco tempo que fui novamente a Belém com o Móveis para uma apresentação por lá, acabou que ficamos um dia a mais na cidade depois do show e descobri que o hotel ficava a 400mt do Remanso do Bosque, restaurante incrível que me levou a escrever este post.
Já visitei Belém algumas vezes, várias delas com o Móveis Coloniais de Acaju, minha banda, e outras com outros projetos, sempre viagem a trabalho para tocar, mas que em algum momento, quase sempre, sobra um tempo para visitar algum lugar da cidade. Ela é linda e o Mercado Ver-o-Peso é o meu lugar preferido, inclusive o primeiro Por Aí sobre Belém foi dedicado a esse mercado incrível. Nessa última viagem fomos tocar no Festival SeRasgum, o show foi lindo, o festival muito bom de se ver e muito bem organizado e, felizmente, ficamos um dia a mais em Belém depois do show para curtir o festival e conhecer um pouco mais da cidade.
A produção do Festival foi super gentil, alugou um barco e nos levou para o outro lado do rio, fomos ao Combú, andamos pelos igarapés, comemos peixe fresco, conhecemos uma fazenda de cacau (não sei se o nome é exatamente esse), foi uma tarde e tanto. Na volta para o hotel descobrimos que o Remanso do Bosque, do chefe Thiago Castanho, restaurante super bem falado da cidade e que sempre tive curiosidade de conhecer, ficava do lado de onde estávamos.
Destino certo para a programação do jantar, juntei-me a alguns amigos e fomos.
Chegando lá estava lotado e na espera no hall da entrada já deu pra sentir que eles usam mesmo os ingredientes locais por lá, eu nem sabia que tinha esse tanto de farinha.
Tinha também a famosa cachaça de jambu, que tem por todo canto da cidade, inclusive no camarim do show serviram pra gente. Confesso que não curti muito a cachaça até provar esses dois drinks, curto a dormência do jambu, o sabor, mas a cachaça não desceu bem, pelo menos não até conhecer o pisco com cachaça de jambu e a tacacachaça que leva jambu, cachaça de jambu, maracujá e é servida na cumbuca do tacacá.
Esses drinks ficaram ótimos.
De entrada pedimos o couvert, uns pães e essa manteiga de cupuaçu incrível que dá vontade de comer pura e essa linguiça de maniçoba curiosa.
Para os principais pedimos três pratos que, além de deliciosos, estavam muito bem servidos. Cada prato do restaurante me impressionou com a ousadia no uso dos ingredientes da região, isso foi me emocionando a cada prato. Pedimos um tambaqui do amazonas assado na braza, a pancetta de porco assada com rapadura e o arroz de pato paraense.
De sobremesa, eu já tinha ouvido falar da Mousse de Chocolate inspirada no Combú (“jardinagem”), e, além dessa, depois de muito discutir, afinal todas as sobremesas mereciam muito nossa atenção mas naquele momento todas já não era possível, pedimos o “Brownieoca Branco” ao bacuri. A sobremesa chegou e foi um grande final.
Foi uma ótima experiência, o preço não é barato mas para o tipo de restaurante foi bem ok, estávamos em 4 e deu R$120,00 por pessoa, todos bebendo e comendo bem.
A questão do uso dos ingredientes e receitas do Norte, bacuri, jambu, cupuaçú, açaí, maniçoba, tambaqui, e por aí vai.. acredito que seja a principal questão do restaurante, e como valoriza o lugar, cria uma identidade que a gente só consegue encontrar ali. Se tivéssemos mais restaurantes como o Remanso Brasil afora nossa gastronomia brasileira estaria em outro patamar certamente, assim como como nós não somos só samba e bossa nova na música, também não somos só feijoada e caipirinha. Adoro todos e não conseguiria viver sem, mas o Brasil e o mundo também precisam conhecer esse outro Brasil, esse apresentado pelo festival Rasgun, pelo Remanso do Bosque, e por que não, pela cachaça de jambu..
Beijão
Esdras
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