A nossa coluna #ComaPorAí foi parar em Dhaka, capital de Bangladesh, uma cidade superpopulosa, trânsito bem caótico, mas com pessoas super simpáticas e, mesmo com toda a desigualdade do país, pessoas que conversam com o sorriso no rosto, alegres. Voltamos cheios de histórias, vontade de voltar e alguns lugares para apresentar.
Fui convidado para uma apresentação no Festival de Jazz e Blues de Dhaka para levar o show do Capivara, meu primeiro trabalho solo. O evento foi incrível, cheio de grandes nomes da música mundial de vários países. Tive o prazer de representar a nossa música brasileira e a apresentação foi maravilhosa. Nos dias que estivemos por lá conhecemos alguns amigos que, claro, nos levaram para comer e conhecer um pouco da cultura daquele canto do mundo.
Primeira coisa: vá sabendo que vai ser muito difícil encontrar bebida alcoólica na rua e em restaurantes e se achar vai ser caro. A maioria esmagadora do país é Islâmica e eles não consomem bebida alcoólica e carne de porco. Café é outra bebida adaptada por conta do gosto do estrangeiro e não vai ser dos melhores cafés que você poderá tomar – a bebida mais comum e indicada é o chá, e é delicioso, se puder vá de chá. Ah! evite beber água que não seja de garrafa, você não quer arrumar uma desinteria e passar a viagem no banheiro do hotel, concorda?
Num dos nossos passeios conhecemos um restaurante indiano que foi incrível, o Khazana Restaurant. Bangladesh é do lado da Índia e pelo pouco que pude perceber tem essa influência gastronômica muito forte no dia a dia. Nesse restaurante em especial pedimos vários pratos e dividimos tudo. Por conta disso pedimos para o chef maneirar na pimenta já que nem todos gostavam ou tinham muita resistência, o que não adiantou muito porque se aquilo que comemos era com pouca pimenta eu já não sabia o que esperar quando fosse apimentado. Mas estava delicioso, cada prato uma surpresa, vários temperos bem diferentes do que usamos na nossa cozinha diária, cardamomo, o curry mais carregado, tikka…
No final de todas as refeições recebíamos com a conta e o cafezinho esse combinado de sementes e açúcar. Curioso, acho que ajuda a dar uma suavizada na comida muito condimentada e é bem gostoso.
No dia seguinte conhecemos alguns amigos de Banlgladesh que estavam trabalhando no festival e nos acompanharam nos dias que estivamos por lá. Foi engraçado quando perceberam nossa vontade de tomar uma cerveja naquele calor nos levaram a um bar no último andar de um prédio que na verdade era um restaurante coreano que servia bebida alcoólica, não lembro o nome do restaurante. Como já estávamos por lá tomamos algumas e seguimos para o almoço, que foi indicação de um deles: comida muito apimentada com arroz branco, carne bovina cozida, lentilha. O restaurante era tradicional da cidade de Chittagong e é comida sem talheres, usando a mão direita para pegar o alimento. Foi estranho no começo, mas depois vira festa e pra variar a comida estava deliciosa, muito, muito temperada e condimentada, mas comemos tudo até acabar. Nem precisa dizer que nesse dia viramos a atração do restaurante. Eles ficaram super felizes que a gente tava devorando tudo, o chef sentou com a gente na mesa, perguntou sobre o Neymar.. pois é sobre o Brasil, só ouvia falar do Neymar, no show teve umas três pessoas que conheciam também Tom Jobim, mas Neymar era unanimidade por lá, vimos bandeira do Brasil em várias casas, se eles soubessem mesmo como anda a nossa seleção.. voltemos à comida que é mais promissor.
De sobremesa nesse dia tomamos esse doce com leite, que chama Fimi, uma delícia, e depois de tanta comida gordurosa com muita pimenta, cai muito bem.
Esse dia foi incrível, é muito massa conhecer um país pela comida e pela música.
E ainda tinha mais um dia. Depois das duas apresentações que fizemos por lá tivemos um dia de bobeira para passear e sugeriram de sairmos para comprar roupa. Confesso que fui mais pela empolgação dos outros que por minha vontade, mas vale a pena, a indústria têxtil é fortíssima por ali e todas as grandes marcas produzem em Bangladesh, então é fácil achar peças bem em conta, é uma boa para renovar o guarda roupa se você tiver saco para ficar horas experimentando calça, bla, bla,bla.. Pra mim deu um pouco de sono. Voltemos à última refeição em Dhaka.
Depois de horas comprando e rodando pela cidade, a fome bateu e demos de cara com este outro indiano, o Lucknow, um restaurante mais granfino que os outros dois, mas com comida igualmente boa e ainda assim o preço é bem de boa para o que pagamos por aqui. Gastamos para comer bem com fome de exército uns R$80 reais por cabeça – esse é um restaurante caro para os padrões de lá.
E foi isso, viajamos muito para passar esses quatro dias por lá, mas valeu muito a pena. Os shows foram ótimos, fomos muitíssimos bem recebidos, a comida é fantástica e as pessoas muito sangue bom. Dhaka é uma cidade muito cheia de informação, pobreza, mas com muita gente boa, e um mundo todo novo para a gente daqui, é tudo diferente e foi tudo muito bom, espero muito poder voltar.
Beijão,
Esdras
solange Cardoso
Gostaria de ver também fotos de vocês tocando e passando pela cidade…O post esta muito bom, mas vale um complemento…