Berinjelas, pimentões, azeitonas marinadas com alho e um bocado de azeite e vinagre formando uma espécie de conserva e um pão cascudo. Quem não gosta? Sério?! Bom demais!
Dia desses recebemos um pedido daqueles, sabe? Aqueles irrecusáveis? Um casal pra lá de especial pediu pra que eu e Esdras fizéssemos a comida do casamento deles. Uhh! Nossa experiência fazendo comida pra um evento desse porte? 1. O nosso. É, somos meio doidos, fizemos a comida do nosso próprio casamento. Aliás, fizemos quase tudo do nosso casamento. Naquele dia botamos a família toda e mais uns amigos pra trabalhar. Uns picando coisas na cozinha, outros arrumando as mesas, mais outros fazendo os arranjos de flores. Foi lindo.
Esse casal de amigos fez um esquema parecido e foi uma honra e prazer ter feito a nossa parte – a comida. A ideia era fazer uma comida simples, que nada tivesse a ver com o eterno filé ao molho madeira de todos os buffets e que ao mesmo tempo fosse executável por nós dois, afinal, não somos um buffet com um batalhão de gente trabalhando na cozinha. Um dos pratos principais foi uma galinhada, que já postamos por aqui, e para os que preferem carne, uma variação da vaca atolada que em breve publicaremos. Para vegetarianos, a minha amada salada de macarrão do pai, que também já pintou por aqui. O fim de noite estava garantido com uns caldos. Tomamos o cuidado de escolher pratos que tivessem a maior parte do trabalho um ou dois antes da data, afinal, éramos convidados da festa e queríamos curtir muito também. Por último bolamos uma mesa de belisquetes que ficaria montada ao longo de todo o evento para aqueles que preferem dar umas beliscadas ao invés de comer um prato maior. Eu sou sempre dessas em festas.
Como sabíamos que nos dias logo antes do casamento estaríamos ocupados com a galinhada e a costelada, pensamos em belisquetes que poderíamos fazer com antecedência. Os escolhidos foram um patê de campagne, que fomos fazendo e congelando, e este antipasti, que chega ao seu sabor ideal após umas 2 semanas. E assim foi. Duas semanas antes da data nossa cozinha começou a trabalhar a mil por hora nos belisquetes e dois dias antes a dedicação foi exclusiva para os demais pratos.
Este antipasti é uma variação de uma receita que peguei com a minha cunhada de um livro do Mario Batali que ela tem. Acho que ela e o meu irmão usam aos montes esse livro porque ele já está desmontando. De fato, após uma olhada rápida, fiquei com muita vontade de ter. Receitas variadas, muito uso de partes ignoradas (os fígados, moelas, tripas e tal da vida), livro didático e bem bolado. Vou botar na minha listinha de compras futuras.
O antipasti é bem fácil, apesar de demorar um pouquinho. Passo 1 é salgar as berinjelas fatiadas e deixá-las suar. A receita original usava abobrinha também, que eu adoro! Mas quando fizemos o teste achei que a textura da abobrinha não ficava tão maravilhosa e resolvi dobrar a quantidade de berinjela, que ficou divina. Depois disso é basicamente uma sequência de cortar coisas e levá-las ao forno. As berinjelas e pimentões (vermelho e amarelo pra ficar bem colorido) dão aquela assada bem lambrecada de azeite. Uma grande mistura de azeitonas pretas e verdes, alho fatiado, manjericão e aliche (ou sem aliche se quiser ser vegetariano, como fizemos para o casamento), mais um monte de azeite e vinagre de vinho branco, mistura tudo, cobre bem, deixa marinando e depois esquece na geladeira. Nada muito complicado.
- 4-5 berinjelas em fatias de aproximadamente meio cm
- 3 colheres de sopa de sal grosso
- 1/4 de xícara de azeite + o tanto que você vai precisar pra pincelar tudo
- 2 pimentões vermelhos
- 2 pimentões amarelos
- 1/4 de xícara de vinagre de vinho branco
- 2 dentes de alho finamente fatiados
- 1/2 xícara de azeitonas pretas
- 1/2 xícara de azeitonas verdes
- 1 filet de aliche (omita se quiser fazer vegetariano e coloque um pouco de sal na mistura final)
- 1/4 de xícara de folhas de manjericão
- Disponha as berinjelas numa assadeira (se precisar use duas) e salpique com o sal. Coloque outra assadeira por cima com algumas latas ou alguma coisa que pese bem – eu usei uns sacos de açúcar. Deixe por umas 2 horas. O sal vai extrair a água da berinjela que suará bem.
- Após as duas horas, pré-aqueça o forno a uns 220oC.
- Seque bem as berinjelas com papel toalha e pincele cada fatia com azeite dos dois lados. Disponha novamente na assadeira(s) limpa e leve ao forno por uns 20 minutos. Vire as fatias da berinjela e mais uns 20 minutos do outro lado. A ideia é que elas fiquem razoavelmente douradas.
- Enquanto elas estão no forno, corte os pimentões eliminando as sementes e qualquer parte branca. Deixe em pedaços grandes, mas tente cortá-los de forma que as fatias consigam estar bem encostadas na assadeira.
- Quando as berinjelas estiverem prontas, retire da assadeira e reserve numa cumbuca grande o suficiente para caber tudo que ainda virá. Tampe bem com papel alumínio para conservá-las quentes.
- Usando a mesma assadeira(s), regue com um pouco de azeite e disponha os pedaços de pimentão. Regue com um pouco mais de azeite por cima e leve ao forno. Também uns 20 minutos, mexa um pouco, mais uns 20 minutos. As peles dos pimentões devem dar uma queimadinha.
- Enquanto isso, fatie suas azeitonas, esmague o aliche, se você for usá-lo, junte o alho fatiado, as folhas de manjericão e 1/4 de xícara de azeite e 1/4 de xícara de vinagre. Essa é a sua marinada.
- Assim que os pimentões estiverem prontos, junte-os à berinjela na cumbuca grande, misture a marinada, dê uma boa mexida e feche bem com o papel alumínio novamente. Deixe marinando fora da geladeira por uns 8-10 horas ou de um dia para o outro.
- Dependendo de como você for servir talvez você queira cortar tudo em pedaços mais delicados. Foi o que nós fizemos. Corte tudo, guarde na geladeira, e tente esperar uns 2 ou 3 dias pelo menos. O azeite e o vinagre conservam as verduras, portanto o antipasti vai durar algumas semanas tranquilamente. Nós achamos que ele chega no sabor ideal depois de uns 5-7 dias.
No período de testes desta receita fizemos uma grande quantidade e guardamos na geladeira por algumas semanas para ver quando chegava ao seu sabor ideal. Nesse tempo descobrimos o tanto que esse antipasti é versátil. Comemos com pão cascudo, misturamos no macarrão, na quinoa, no arroz multigrãos, usamos como recheio de sanduíche, de tortilha, no meio da salada ou simplesmente como acompanhamento para uma carne. Essa receita é danada.
É, foi um período intenso e desafiador, mas curtimos cada segundo e ficamos muito felizes com o resultado final.
Toda a felicidade do mundo pra esse casal lindo.
beijos,
Mariana
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